Poucos locais do mundo se podem gabar de possuirem atractivos turisticos invulgares. Moscovo encaixa neste perfil. Nas bancas turisticas abundam postais ilustrados das estações de metro da cidade. Depois da Praça Vermelha e do Kremlin, o metro é a principal atracção da cidade. Até aqui pode parecer estranho, mas se pensarmos que as estações foram construídas para serem os "Palácios do Povo" compreendemos que, em Moscovo, o metro é muito mais do que um meio de transporte.
Aquando da proposta rejeitada para a criação de um metro em Moscovo, em 1902, alguém terá dito: "usurpação descarada de tudo o que o povo russo ama na cidade". No entanto, o crescimento desmesurado da metrópole russa trouxe problemas de mobilidade à população e era necessário um sistema eficaz de transportes. Assim sendo, Estaline, em 1928, engendrou um projecto para construir o metro da cidade. As estações deveriam ser faustosas para receber bem o povo e este dever-se-ia sentir no seu palácio.
No entanto, a construção do metro não foi tão "bela" como o resultado final. Estaline decretou que toda a Rússia iria construi-lo e foram trazidos homens e mulheres de toda a União Soviética. Na sua construção empregaram-se materiais de todo o país, desde mármores dos Urais e Caúcaso, granitos da Ucrânia e até ferro de Kuznestk.
Para a decoração das estações, Estaline chamou os melhores artistas da Rússia. Algumas delas ostentam candelabros e candeeiros suspensos, esculturas/baixos relevos luxuosos e mosaicos coloridos. As colunas graníticas ou de mármore que ladeiam as estações conferem aos espacos a singularidade dos grandes salões medievais. Os átrios de entrada ostentam abóbadas esculpidas e parecem receber os transeuntes para um espectáculo no seu interior.
O movimento diário de pessoas nas estações de metro moscovitas é maior do que o de Londres e Nova Iorque juntas. Parece incrivel, mas quando nos embrenhamos a fundo no subsolo de Moscovo comprovamos (nao estatisticamente, mas empiricamente) a veracidade do facto. O metro está apinhado de gente, a qualquer hora do dia, e fazem-se filas para conseguir subir e descer as escadas rolantes. Estas últimas descem vertiginosamente para as "entranhas da terra" de maneira a serem usadas como abrigos em períodos de guerra. A estação de Mayakoskaya chegou mesmo a funcionar como quartel general das forças de defesa anti-aéreas dos sovietes aquando da chegada do exército alemão aos arredores de Moscovo. Foi aí que, Estaline se dirigiu ao exército vermelho antes deste partir para a frente de combate. A estação de Chistye Prudy foi o estado-maior durante a Segunda Guerra Mundial. Estaline e os seus conselheiros prepararam aqui a resistência à invasão nazi.
Hoje, o metro continua a crescer. Tem 165 estações e 265 km de linha. Mais de 9300 veículos circulam todos os dias e transportam cerca de 9 milhões de passageiros por dia. As pessoas conversam nas estações, juntam-se em grupos e convivem como se estivessem num café. O metro de Moscovo é muito mais do que um meio de transporte. É um símbolo histórico da resistência russa, é um local social de convívio e é um atractivo turístico para aqueles que procuram apenas a beleza faustosa das suas estações.