Guilin

A cidade de Guilin, cujo nome significa "floresta de jasmins do imperador", é dominada por várias elevações cársicas espalhadas pela cidade. Algumas delas, com cerca de 200 metros de altura, concedem à cidade um ambiente celestial, especialmente à volta do rio Li.
Guilin remonta à dinastia Qin, e o seu relevo sempre inspirou poetas, escritores, pintores e artistas.

Infelizmente não tivemos muito tempo para explorar a região e tivemos que nos limitar aos locais mais emblemáticos. Um desses locais é o Palácio do Principe de Jinjiang. Este local, circundado por muralha, assemelha-se a uma miniatura da Cidade Proibida e foi construída 34 anos antes para o principe Ming. Hoje alberga a Escola Superior de Educação de da Provincia de Guangxi (até eu estudava melhor assim!).

No interior do recinto palaciano encontra-se o Duxiu Feng, o cume da Beleza Solitária, com 216m. Subimos ao cimo e desfrutamos de uma vista panorâmica sobre a cidade. Daqui, as perspectivas são esplêndidas. Ao longe vê-se o Fubo Shan, o monte Domador de Ondas, um pico isolado nas margens do rio Li. Do outro lado, o monte da Tromba de Elefante.

Outro local emblemático em Guilin é a Gruta da Flauta de Cana, Ludi Yan. Situada a 5km do centro da cidade, foi utilizada como esconderijo durante a invasão japonesa, em 1940. A gruta apresenta tunéis com cerca de 10m de largura e com 500m de comprimento. Com impressionantes espeleotemas, as cavidades estão repletas de estalactites, estalagmites e outras formas bizarras iluminadas por néons coloridos. Uma autêntica viagem ao centro da Terra.
Uma das muitas particularidades destas grutas é que albergavam várias tartarugas enormes como residentes. Mais um dos enigmas da cultura chinesa!No final do dia, e sob ao pôr-do-sol, regressamos ao centro da cidade e visitamos os pagodes nos lagos Shan e Rong. Estes lagos, outrora parte do fosso das muralhas Ming, exibem dois pagodes gémeos, Riming Shuang Ta, com 40 metros de altura e construídos em estilo antigo.
Cruzeiro no Rio Li:
A partir da cidade de Guilin pode-se alcançar a povoação de Yangshuo através de um passeio de barco pelos 85 km que separam estas duas localidades. E foi isso que decidimos fazer!
O cruzeiro inicia-se a jusante da povoação de Daxu, uma aldeia da dinastia Qing, e segue o percurso do rio atravessando vários picos cársicos. À medida que vamos descendo o rio acompanhamos o carso do tipo Fenglin, com linhas hirtas.
Até à povoação de Yangdi fomos acompanhados por uma forte neblina matinal que envolvia os picos pontiagudos do carso Fenglin. Um dos mais emblemáticos é o Pico do Apoio do Pincel inspirado nos típicos apoios dos tradicionais pincéis chineses.
O rio Li apresenta um caudal muito baixo pelo que no Inverno os cruzeiros apenas se iniciam em Yangdi. Mesmo agora, em plena estação da monção, o caudal está tão reduzido que o barco parece que vai ficar atolado a qualquer momento.
À medida que vamos acompanhando o percurso do rio podemos observar, nas margens, várias florestas de bambu e aldeias características das áreas rurais do sul da China. As jangadas de bambu são, para além dos barcos de cruzeiro turísticos, o único meio de transporte aqui utilizado. O bambu é uma planta com um ritmo de crescimento muito rápido (pode atingir 60cm por dia) e permite uma utilização longa. Estas caracteristicas fazem deste material uma das matérias-primas predilectas nesta parte do globo. As jangadas são apenas uma das muitas utilizações, já que os chineses utilizam o bambu para fazer chapéus, flautas, mobiliário, esteiras, utensílios de cozinha, papel, instrumentos agrícolas, etc. Utilizam também os rebentos de bambu na comida (e é divinal!).
Entre Yangdi e um pouco a jusante de Xingping a paisagem é avassaladora. O meu vocabulário é diminuto para expressar tamanha "expressividade"! Os picos sucedem-se e envolvem-nos até os perdermos de vista no horizonte. O carso Fenglin deu lugar a um carso Fengcong, com picos mais arredondados.
A determinada altura atravessamos o baixio do manto amarelo, um local muito pouco profundo repleto de pescadores. Os pescadores do rio Li treinam corvos-marinhos para apanhar o peixe. Este tipo de pesca já é utilizado há milhares de anos. O corvo-marinho mergulha no rio e quando apanha um peixe é içado para o barco. O peixe é retirado do bico da ave já que os pescadores colocam um anel ou coleira no fundo da garganta dos corvos-marinhos para impedirem que estes engulam o peixe.
O barco prossegue por entre picos e à entrada da povoação de Yangshuo somos recebidos pelo monte da Cabeça do Dragão, um pico magestoso que mergulha no ri Li e domina o nosso próximo destino.

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